novembro 10, 2009

Decomposição

A imagem aparece ofuscada, mesmo por que o inconsciente nos protege de detalhar precisamente as lembranças remotas que surgem para definir algo em que pensamos, os primeiros traços remontam sensações que somente imaginamos, como odor, frio, miscelaneas para a construção do contexto. A imagem, então um conjunto cognitivo muito além do plano bidimensional de um desenho, porém limtada pelos estereótipos de nossa memória, está em foco e por mera similaridade morfológica, me parece mais sensato, é a de um corpo humano. Esboço de um pensamento, o que eu tinha em mente quando pensei em decomposição vai além do estado do corpo, das imagens e principalmente de estereótipos.
Tento memorizar momentos quando os percebo significativos. Tento reconstrui-los, senti-los diversas vezes ao dia. Imortalizo o sorriso de meu filho tantas vezes quanto possível em meu desgastado mainframe, não importando quanto espaço ocupe.´Todos sorrisos são únicos.
Não há um momento definido, não há necessariamente uma hora da morte para estabelecer em que grau de decomposição se está. Assim como capturamos as oscilações do mundo que nos cerca involuntariamente também nos alteramos de uma maneira tão sutil que podemos dizer com absoluta certeza que nossa essência está intacta. Vamos dejetando pudores, preconceitos, preceitos, certezas e convicções a medida que nossa tolerância e percepção de identidade se enquadram e se notam em nossas personalidades sem facetas e interesses escusos, uma sobriedade se apodera de nossas mentes e damos relevância aos detalhes.
Tento descobrir o real motivador, o motor que torna a função das engrenagens consideravelmente facil de entender. Percebo que a evolução constitui de diversas idas e vindas e que o proveito se dá a medida que expandimos e flexibilizamos nossa capacidade moral, sensorial e demais 'als'.
Aprender é decompor os periféricos da essência, deixando-a desnuda e apta as profundas modificações que como Seres Humanos nos predispomos a fazer...de vez em quando. É como o upgrade que deleta da versão antiga o limitador. Como a pele da cobra. Como aquele ser de corpo putrefato e alma em estado de graça.
Sê Feliz.